Tocar um instrumento musical II - Violino

Dia 4
Eu tive 3 experiências distintas ao aprender a tocar instrumentos musicais. A minha motivação nos três casos partiram da vontade de tocar as músicas que eu gostava de ouvir.
- Violino
Além de gostar de música pauleira eu também gosto bastante de música clássica ou música erudita.
Apesar de ter percussão em orquestras, o que me chama mais atenção em música clássica são o violino e o piano. Dois instrumentos completos, onde é possível tocar músicas sem precisar de outros. Ao contrário da bateria, existem músicas muito conhecidas que são compostas para serem tocadas apenas por esses instrumentos.
Violino é bem menor que um piano. Seria um instrumento prático de carregar. Mais ou menos como é feito com o violão. Ele poderia ser levado para lugares onde eu poderia tocar músicas para alegrar o ambiente.
Pra quem me conhece deve ser muito fácil visualizar essa cena.
Outro grande motivo é que eu queria tocar o tema do Poderoso Chefão.
Ao contrário da bateria, eu nem pensei em começar a aprender sozinho. Lembre-se que não tinha youtube e, se existiam, cursos online não faziam o menor sentido para mim nessa época.
Achei uma professora e comecei as aulas semanais.
Já no início eu percebi o quanto era um instrumento complicado. São 4 cordas (duas a menos que um violão clássico), mas não tem aquelas marcas (trastes) que ajudam a saber onde posicionar a mão para fazer uma nota ou acorde.
Para os iniciantes, são colocadas fitas de papel para marcar o local onde o dedo deve ser posicionado. Isso vai até a coisa ficar automática e então poder tocar como adulto.
Outra coisa que descobri já no início é que nunca seria nada como um tocador de violino. Nada de orquestras ou sucesso nos teatros de Berlin ou Áustria. Um profissional de instrumentos clássicos começa a tocar antes dos 5 anos e passa a vida inteira tocando. Começar depois dos 5 anos de idade só vai funcionar para aqueles que realmente se esforçam bastante para tirar o tempo perdido. Começar depois dos 10 anos (e no meu caso dos 20), torna praticamente impossível conseguir algo além. Ou seja, o aprendizado seria só para tocar músicas para mim mesmo. Não vou dizer que isso foi o que me desanimou, mas certamente não ajudou a animar.
Assim como tudo, pra ficar bom, tem que praticar. Muito. Diariamente. Ir a aula apenas, não adianta absolutamente nada. E não adianta nem pra ser mais ou menos. Aliás, até pra ficar mais ou menos é necessário a prática.
Na primeira semana eu até tentei. Mas depois da segunda ou terceira em diante, a minha progressão era em um nível que eu não estava esperando (talvez minhas expetativas estavam fora da realidade) e vi o tanto que era difícil o tal do violino.
Como se não bastasse tentar achar a nota Sol naquele bracinho pequeno de 4 cordas, ainda tem que descobrir qual é a nota Sol na partitura na Clave de sol. Então imagina: Olha pra partitura, vê uma bolinha em cima de uma linha. "Hum... aquela nota é... Dó...Ré...Mí...Fá...**SOL**". "Ok, agora o dedo vai em cima dessa corda... e agora usa o arco na corda e FIMMM" - e isso para a PRIMEIRA NOTA. Já viu quantas notas tem em uma partitura para uma música? E nem estou falando das músicas que eu pensava em tocar, mas Brilha, Bilha estrelinha. Dá pra ter ideia como que depois de 3 semanas o cidadão fica desanimado.
Acha que acabou? Ainda tem a afinação do violino.
É impressionante a facilidade que o violino desafina. Eu achava que era porque o meu violino era meia boca e por isso não aguentava segurar a afinação. Mas minha professora afinava o dela toda vez que a aula começava. Como alguém, que não sabe nem por o dedo no lugar certo pra fazer uma nota sem precisar de um palpezinho marcando, consegue afinar um instrumento?
Eu entendo que tudo isso faz parte do processo de aprender e que cada instrumento tem suas características e desafios, mas acho que eu não consegui conviver muito bem com a frustração da muita pouca evolução inicial (parte pela dificuldade do instrumento em si, parte pela minha falta de persistência). O resultado foi um ciclo vicioso onde a frustração me fazia praticar menos que por consequência atrapalhava evolução... Não é muito difícil concluir que foi curta essa minha vida de violinista.
Mas apesar de ter ficado pouco tempo no violino e não ser capaz de tocar nada, o pouco que aprendi sobre leitura de partitura me ajudou no próximo instrumento que tentei aprender.
Até amanhã.